Notabilia: La musica popolare brasiliana e la dittatura
testo, voce e traduzioni di Jacopo Bassi
timeline ideata e realizzata da Nađa VOJVODIĆ nell’ambito dell’insegnamento Storia digitale tenuto da Deborah Paci presso Ca’ Foscari Università Venezia
Ascolta la registrazione di questa puntata, andata in onda su Radio Ca’ Foscari il 23 febbraio 2017.
Antonio Carlos Jobim, O morro nao tem vez, 1962
Testo e musica di Antônio Carlos Jobim and Vinícius de Moraes, voce di Antônio Carlos Jobim
O morro não tem vez E o que ele fez já foi demais Mas olhem bem vocês Quando derem vez ao morro Toda a cidade vai cantarO morro não tem vez E o que ele fez já foi demais Mas olhem bem vocês Quando derem vez ao morro Toda a cidade vai cantar Morro pede passagem É um, é dois, é três, |
Chico Buarque de Hollanda, Pedro, Pedreiro in Chico Buarque de Hollanda, 1966
voce, testo e musica di Chico Buarque de Hollanda
Pedro pedreiro penseiro esperando o trem Manhã, parece, carece de esperar também Para o bem de quem tem bem De quem não tem vintém Pedro pedreiro fica assim pensando Assim pensando o tempo passa E a gente vai ficanto pra trás Esperando, esperando, esperando Esperando o sol Esperando o trem Esperando o aumento Desde o ano passado Para o mês que vem Pedro pedreiro penseiro esperando o trem Manhã, parece, carece de esperar também Para o bem de quem tem bem De quem não tem vintém Pedro pedreiro espera o carnaval E a sorte grande no bilhete pela federal Todo mês Esperando, esperando, esperando Esperando o sol Esperando o trem Esperando o aumento Para o mês que vem Esperando a festa Esperando a sorte E a mulher de Pedro Esperando um filho Pra esperar também Pedro pedreiro penseiro esperando o trem Manhã, parece, carece de esperar também Para o bem de quem tem bem De quem não tem vintém Pedro pedreiro tá esperando a morte Ou esperando o dia de voltar pro norte Pedro não sabe, mas talvez no fundo Espere alguma coisa mais linda que o mundo |
![]() Maior do que o mar Mas pra que sonhar Se dá o desespero de esperar demais Pedro pedreiro quer voltar atrás Quer ser pedreiro pobre e nada mais Sem ficar esperando, esperando, esperando Esperando o sol Esperando o trem Esperando o aumento para o mês que vem Esperando um filho pra esperar também Esperando a festa Esperando a sorte Esperando a morte Esperando o norte Esperando o dia de esperar ninguém Esperando enfim nada mais além Da esperança aflita, bendita, infinita Do apito de um trem Pedro pedreiro pedreiro esperando Pedro pedreiro pedreiro esperando Pedro pedreiro pedreiro esperando o trem Que já vem Que já vem Que já vem.. |
Caetano Veloso, Alegria, Alegria in Caetano Veloso, 1967
Voce, testo e musica di Caetano Veloso
Caminhando contra o vento Sem lenço e sem documento No sol de quase dezembro Eu vou O sol se reparte em crimes Espaçonaves, guerrilhas Em cardinales bonitas Eu vou Em caras de presidentes Em grandes beijos de amor Em dentes, pernas, bandeiras Bomba e Brigitte Bardot O sol nas bancas de revista Me enche de alegria e preguiça Quem lê tanta notícia Eu vou Por entre fotos e nomes Os olhos cheios de cores O peito cheio de amores vãos Eu vou Por que não, por que não Ela pensa em casamento E eu nunca mais fui à escola Sem lenço e sem documento Eu vou Eu tomo uma Coca-Cola Ela pensa em casamento E uma canção me consola Eu vou Por entre fotos e nomes |
![]() Sem livros e sem fuzil Sem fome, sem telefone No coração do Brasil Ela nem sabe até pensei Em cantar na televisão O sol é tão bonito Eu vou Sem lenço, sem documento Nada no bolso ou nas mãos Eu quero seguir vivendo, amor Eu vou Por que não, por que não Por que não, por que não Por que não, por que não Por que não, por que não |
Chico Buarque de Hollanda, Roda Viva in Chico Buarque de Hollanda – Volume 3, 1967
Voce, testo e musica di Chico Buarque de Hollanda
Tem dias que a gente se sente Como quem partiu ou morreu A gente estancou de repente Ou foi o mundo então que cresceu… A gente quer ter voz ativa No nosso destino mandar Mas eis que chega a roda viva E carrega o destino prá lá … Roda mundo, roda gigante Roda moinho, roda pião O tempo rodou num instante Nas voltas do meu coração… A gente vai contra a corrente Até não poder resistir Na volta do barco é que sente O quanto deixou de cumprir Faz tempo que a gente cultiva A mais linda roseira que há Mas eis que chega a roda viva E carrega a roseira prá lá… Roda mundo, roda gigante Roda moinho, roda pião O tempo rodou num instante Nas voltas do meu coração… A roda da saia mulata Não quer mais rodar não senhor Não posso fazer serenata A roda de samba acabou… A gente toma a iniciativa Viola na rua a cantar Mas eis que chega a roda viva E carrega a viola prá lá… Roda mundo, roda gigante Roda moinho, roda pião O tempo rodou num instante Nas voltas do meu coração… O samba, a viola, a roseira |
![]() Que um dia a fogueira queimou Foi tudo ilusão passageira Que a brisa primeira levou… No peito a saudade cativa Faz força pro tempo parar Mas eis que chega a roda viva E carrega a saudade prá lá … Roda mundo, roda gigante Roda moinho, roda pião O tempo rodou num instante Nas voltas do meu coração… Roda mundo, roda gigante Roda moinho, roda pião O tempo rodou num instante Nas voltas do meu coração… Roda mundo, roda gigante Roda moinho, roda pião O tempo rodou num instante Nas voltas do meu coração… Roda mundo, roda gigante Roda moinho, roda pião O tempo rodou num instante Nas voltas do meu coração… |
Geraldo Vandré, Pra não dizer que não falei das flores, 1968
Testo, musica e voce di Geraldo Vandré
Caminhando e cantando e seguindo a canção Somos todos iguais braços dados ou não Nas escolas, nas ruas, campos, construções Caminhando e cantando e seguindo a canção Vem, vamos embora, que esperar não é saber, Quem sabe faz a hora, não espera acontecer Vem, vamos embora, que esperar não é saber, Quem sabe faz a hora, não espera acontecer Pelos campos há fome em grandes plantações Pelas ruas marchando indecisos cordões Ainda fazem da flor seu mais forte E acreditam nas flores vencendo o canhão Vem, vamos embora, que esperar não é saber, Quem sabe faz a hora, não espera acontecer. Vem, vamos embora, que esperar não é saber, Quem sabe faz a hora, não espera acontecer. Há soldados armados, amados ou não Quase todos perdidos de armas na mão Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição De morrer pela pátria e viver sem razão Vem, vamos embora, que esperar não é saber, Quem sabe faz a hora, não espera acontecer. Vem, vamos embora, que esperar não é saber, Quem sabe faz a hora, não espera acontecer. Nas escolas, nas ruas, campos, construções |
![]() Somos todos soldados, armados ou não Caminhando e cantando e seguindo a canção Somos todos iguais braços dados ou não Os amores na mente, as flores no chão A certeza na frente, a história na mão Caminhando e cantando e seguindo a canção Aprendendo e ensinando uma nova lição Vem, vamos embora, que esperar não é saber, Quem sabe faz a hora, não espera acontecer. Vem, vamos embora, que esperar não é saber, Quem sabe faz a hora, não espera acontecer. |
Gilberto Gil, Torquato Neto, Geral, in Tropicália: ou Panis et Circencis, 1968
Testo e musica di Gilberto Gil, Torquato Neto, voce di Gilberto Gil
Um poeta desfolha a bandeira E a manhã tropical se inicia Resplandente, cadente, fagueira Num calor girassol com alegria Na geléia geral brasileira Que o Jornal do Brasil anunciaÊ, bumba-yê-yê-boi Ano que vem, mês que foi Ê, bumba-yê-yê-yê É a mesma dança, meu boi A alegria é a prova dos nove Ê, bumba-yê-yê-boi É a mesma dança na sala |
![]() Ê, bumba-yê-yê-boi Ano que vem, mês que foi Ê, bumba-yê-yê-yê É a mesma dança, meu boiPlurialva, contente e brejeira Miss linda Brasil diz “bom dia” E outra moça também, Carolina Da janela examina a folia Salve o lindo pendão dos seus olhos E a saúde que o olhar irradia Ê, bumba-yê-yê-boi Um poeta desfolha a bandeira Ê, bumba-yê-yê-boi |
Chico Buarque de Hollanda, Apesar de voce, 1970
Voce, testo e musica di Chico Buarque de Hollanda
Amanhã vai ser outro día Amanhã vai ser outro día Amanhã vai ser outro día Hoje você é quem manda Falou, tá falado Não tem discussão, não A minha gente hoje anda Falando de lado e olhando pro chão Viu? Você que inventou esse Estado Inventou de inventar Toda escuridão Você que inventou o pecado Esqueceu-se de inventar o perdão Apesar de você Amanhã há de ser outro dia Eu pergunto a você onde vai se esconder Da enorme euforia? Como vai proibir Quando o galo insistir em cantar? Água nova brotando E a gente se amando sem parar Quando chegar o momento Esse meu sofrimento Vou cobrar com juros. Juro! Todo esse amor reprimido Esse grito contido Esse samba no escuro Você que inventou a tristeza Ora tenha a fineza De “desinventar” Você vai pagar, e é dobrado Cada lágrima rolada Nesse meu penar Apesar de você Amanhã há de ser outro dia Ainda pago pra ver O jardim florescer |
![]() Qual você não queria Você vai se amargar Vendo o dia raiar Sem lhe pedir licença E eu vou morrer de rir E esse dia há de vir antes do que você pensa Apesar de você Apesar de você Amanhã há de ser outro dia Você vai ter que ver A manhã renascer E esbanjar poesia Como vai se explicar Vendo o céu clarear, de repente Impunemente? Como vai abafar Nosso coro a cantar Na sua frente Apesar de você Apesar de você Amanhã há de ser outro dia Você vai se dar mal, etc e tal La, laiá, la laiá, la laiá…… |
Bibliografia
- AARAO REIS FILHO, Daniel, DE MORAES, Pedro, 1968, a paixao de uma utopia, Rio de Janeiro, Espaço e tempo, 1988
- CALADO, Carlos, Tropicália : storia di una rivoluzione musicale, Roma, Arcana, 2004.
- FAUSTO, Boris, Storia del Brasile, Cagliari, Fabula, 2010.
- MCCANN, Bryan, Hello, hello Brazil : popular music in the making of modern Brazil, Durham – London, Duke university press, 2004.
- MOLENDINI, Marco, Caetano Veloso e Gilberto Gil: fratelli Brasile, Viterbo, Nuovi equilibri, 2004.
- RICCIARDI, Giovanni, Acquerello del Brasile, Napoli, Liguori, 2002.
- VELOSO, Caetano, Verità tropicale : musica e rivoluzione nel mio Brasile, Milano, Feltrinelli, 2003.
Sitografia
- MEHRY, Silvio Augusto, «Letra, melodia, arranjo: componentes
em tensão em O morro não tem vez de Antonio Carlos Jobim e Vinícius de Moraes», in Per Musi, 22, 2010, pp. 90-98, URL: < http://www.musica.ufmg.br/permusi/port/numeros/22/num22_cap_07.pdf >. - Memorias da Ditadura, URL: < http://memoriasdaditadura.org.br/ >.
- Tropicália, URL: < http://tropicalia.com.br/ >.
Timeline: La musica popolare brasiliana e la dittatura
a cura di Nađa VOJVODIĆ
Video
1964: um golpe na democraciaUn documentario sulla dittatura militare in Brasile. |
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História do Brasil. cap. 6 – Boris FaustoIl capitolo dedicato alla dittatura militare della História do Brasil di Boris Fausto. |
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